O homem de Deus e a Autoridade
“Sucedeu, depois disto, o seguinte: Nabote, o jezreelita, possuía uma vinha ao lado do palácio que Acabe, rei de Samaria, tinha em Jezreel. Disse Acabe a Nabote: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, pois está perto, ao lado da minha casa. Dar-te-ei por ela outra, melhor; ou, se for do teu agrado, dar-te-ei em dinheiro o que ela vale. Porém Nabote disse a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu dê a herança de meus pais”. (I Reis 21; 1 a 29)
O Rei decidiu que a vinha de Nabote lhe dava jeito para fazer uma horta e falou com ele, no entanto, o mesmo recusou por ser uma herança de família, o que deixou Acabe revoltado.
“Então, Acabe veio desgostoso e indignado para sua casa, por causa da palavra que Nabote lhe falara (…) E deitou-se na sua cama, voltou o rosto e não comeu pão. Porém, vindo Jezabel, sua mulher, ter com ele, lhe disse: Que é isso que tens assim desgostoso o teu espírito e não comes pão?”
Jezabel encontrou Acabe prostrado e perguntou o que se passara. Ao saber da recusa de Nabote decidiu agir, mas primeiro confrontou Acabe com a sua autoridade, questionando quem era o rei afinal, quem era o único que mandava no reino, instigando Acabe a reagir, mas tomando as “rédeas” da situação em lugar do rei.
“Então Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu, com efeito, sobre Israel? Levanta-te come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jezreelita.”
Neste momento, Jezabel assumia o lugar do rei, sem que Acabe se opusesse. Ou seja, o líder deixou que alguém agisse de forma incorreta para que ele alcançasse o seu objetivo. No entanto, ele nunca seria acusado, porque, afinal, em primeira instância, não foi ele que fez nada. Acabe não podia ter permitido a intervenção de Jezabel, afinal, o rei não era ela e sim ele.
“Então escreveu cartas em nome de Acabe, selou-as com o sinete dele e as enviou aos anciãos e aos nobres que havia na sua cidade e habitavam com Nabote. E escreveu cartas, dizendo: Apregoai um jejum e trazei Nabote para a frente do povo.”
Jezabel usou de astúcia, ou seja, usou o anel real para que o povo reconhecesse a ordem como vinda do próprio rei e mandou apregoar um jejum, porque o jejum simbolizava a aprovação de Deus, mas, neste caso, foi estrategicamente usado por Jezabel numa questão política para a realização de um capricho do rei. Muitas vezes, o preciosismo de alguém que tem autoridade destrói a vida de quem está por perto.
Temos sempre de fazer o que é certo, mesmo que isso signifique desagradar a algumas pessoas e não ser bem visto por outras, porque só se fazem muitos amigos quando se tenta agradar a todos, mas isso leva a uma gestão desequilibrada e a várias injustiças.
“Fazei sentar defronte dele dois homens malignos, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois, levai-o para fora e apedrejai-o, para que morra.”
Continua amanhã…
Bp. António Carlos – Portugal