Dureza de Coração
[audio:/06082011.mp3]Assentado sobre o tronco seco de uma árvore, o velho pescador meditava sobre o seu futuro. Sabia que lhe restava pouco tempo de vida, e todos os esforços para conduzir o seu único filho por aqueles que lhe pareciam ser os caminhos corretos tinham sido em vão, pois o interesse dele estava na procura dos prazeres do mundo.
Vendo o tempo passar e, dia após dia, a situação persistir, certa noite o velho pescador pediu aos céus que lhe fosse indicado o que fazer.
Aconteceu então que, ao clarear o dia, o seu filho pediu para ir pescar com ele. O que, insistentemente, o velho pescador durante anos procurara parecia agora acontecer como por milagre. Cheio de contentamento, preparou o barco e saiu com o filho, rumo às águas mais profundas.
Entretanto, uma repentina tempestade sobreveio, e ventos muito fortes levaram o barco para regiões desconhecidas. Quando ela cessou, encontraram-se em águas claras e transparentes e o barco aproximava-se de uma ilha de areias muito brancas.
Tomado de gratidão por estarem a salvo, o pescador saltou e, em terra firme, de joelhos sobre aquelas finas areias, pediu aos céus que os mandassem de volta à sua casa, pois – no seu entender – lá teriam ainda coisas a cuidar.
Terminada a prece, voltou os olhos para o filho, que permanecera no barco; mas tanto o jovem quanto o barco haviam sido levados pela maré.
Cheio de desânimo, o pescador pôs-se a chorar, sem compreender a razão de tudo aquilo. Surgiu então à sua frente um grande pássaro que, transformando-se num anjo, lhe disse:
– Não podeis com a vossa vontade e o vosso desejo traçar os caminhos de outro. Cada um, a um mundo pertence. Os passos dados confirmam a meta, as escolhas e as trilhas a serem percorridas. O vosso filho seguiu para as terras que lhe correspondiam, e vós fostes colocado naquela que vos corresponde. Aqui tereis frutos para saciar a vossa fome e encontrareis aqueles que, convosco, trilharão a mesma senda.
“Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos, mas andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.” (Jeremias 7.24)
Espero ter colaborado em algo, Bjf