O valor do espírito natalício
No início de novembro começa o burburinho e a azáfama. Ruas iluminadas, montras ornamentadas, decoradas com ofertas chamativas ao olhar e às carteiras dos cidadãos…
…é aqui que começa, então, a cobrança, interior e exterior, sobre o quê e a quem presentear…
Existe um espírito contraditório que parece controlar a maioria da população nesta época. Por um lado, vive-se o Natal, teoricamente, a data de nascimento do “menino Jesus” (embora tenha sido provado pela ciência que o Senhor Jesus terá nascido entre os meses de março e abril), por outro, existe um total domínio da população, exercido por um consumismo desenfreado.
Natal, especialmente hoje em dia, é sinónimo de presentes, sendo estes que irão medir a consideração, o apreço, o amor ou o respeito, valores substituídos pelos bens materiais nesta época. É um consumismo desmedido alimentado, constantemente, pelos média. Senão, observe a publicidade, são sugestões de presentes, alusivos à época, em todos os meios de comunicação social: é um bombardeamento constante, direcionado para todas as idades: começando pelas crianças (com os brinquedos, jogos, etc.), passando pelos jovens (telemóveis, gadgets, etc.) e terminando nos adultos, com ofertas para todos os gostos (perfumes, chocolates, relógios, viagens, roupa, calçado, etc.).
Este é o Natal que fomos habituados a reviver, ano após ano, um círculo vicioso que, quem não adere, sente-se, automaticamente excluído. Mas, antes de mais nada, apelo à sua fé, à inteligente, aquela que não é cega, mas que pensa, medita e reflete não só sobre a Palavra de Deus, mas sobre o mundo que o rodeia. Que esta mesma fé lhe permita responder às seguintes questões:
- EU PRECISO DESTE PRODUTO, ROUPA OU OBJETO?
- QUAIS OS SEUS BENEFÍCIOS PARA A MINHA VIDA?
- A MINHA CONDIÇÃO ECONÓMICA PERMITE-ME ESTE DEVANEIO?
- NÃO SERIA MELHOR GUARDAR ESTE VALOR PARA SER USADO EM ALGO MAIS PROVEITOSO?
Um estudo levado a cabo pela Consumer Payment Report revelou que quatro em cada dez portugueses afirmam não ter dinheiro depois de pagarem as suas despesas mensais e 29% considera que não tem dinheiro suficiente para uma vida digna. Por este motivo, um terço dos portugueses considera a hipótese de emigrar devido à situação financeira em Portugal, de acordo com um estudo da Intrum Justitia.
Porém, o “espírito natalício” prevalece, já que observamos as pessoas, mesmo sem dinheiro, a endividarem-se, comprando o que podem e o que não podem, sem olharem à condição económica, fazendo do mês de janeiro o mais longo e difícil de enfrentar, sim, porque é quando a fatura, finalmente, chega! (observação: os portugueses são dos povos europeus que mais utiliza o cartão de crédito).
Infelizmente, esta é também uma das épocas em que mais se verifica tentativas ou concretização efetiva de suicídio, pois, quem não tem família ou dinheiro para presentear os seus, sente-se excluído, infeliz, triste e deprimido. Como se o seu amor fosse medido pelos presentes e o número de presenteados.
A título de curiosidade, sabe onde teve origem esta tradição? Pois bem, quando o Senhor Jesus nasceu (entre as datas de março a abril), vieram 3 reis magos com presentes para o Messias e para mais ninguém! Nem sequer Maria ou José foram contemplados!
Agora, responda para si mesmo:
Será que vale a pena tudo isto? Em nome de uma tradição que foi distorcida e manipulada pelo ser humano, através das religiões, com o passar do tempo?
Caro leitor, se deseja presentear a alguém, faça-o a si mesmo, superando as suas fraquezas na sua maneira de agir e de reagir; as suas dores, lágrimas e preocupações, pois, melhor do que um presente material é o carinho, o respeito e a consideração, por si mesmo e pelos outros, reciprocamente.
É no circulo familiar, entre pais, filhos e irmãos, que ocorre a maioria da troca de presentes na época natalícia, porém, pense sobre o seguinte:
Qual é o presente que qualquer filho quer receber de um pai durante todo o ano?
Amor, carinho, respeito, demonstrações de afeto, preocupação e interesse pelo seu futuro…
Qual é o presente que qualquer pai quer receber de um filho durante todo o ano?
O respeito, o amor, o carinho, a valorização dos ensinamentos…
Ou seja, são valores que, ao contrário dos bens materiais, não desvanecem ou deterioram, pelo contrário, permanecem e vencem o teste do tempo. Invista nestes valores nesta época, pois, se tem que dar um presente a alguém, que seja algo que o tempo, de forma alguma, irá corromper.
Alguns conselhos práticos para “sobreviver” a esta época:
- Questione-se sempre sobre se o que vai adquirir é realmente importante PARA SI!
- Em vez de comprar presentes, telefone às pessoas de quem mais gosta, mas, especialmente, àquelas mais afastadas que, possivelmente, guardaram mágoa de si por qualquer motivo
- Se tiver que gastar dinheiro que seja no básico, que seja para o momento de união, como uma refeição partilhada, entre familiares e amigos
- Não penhore a sua vida por causa de uma data festiva que é mais comercial e manipuladora das massas do que outra coisa
Avalie bem as suas prioridades, porque, no final, quem vai pagar a fatura é você!
Deus é contigo e nós também!
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