Pastores, suas mídias sociais pessoais realmente ganham almas?
O que são mídias sociais e redes sociais?
Redes sociais são formadas pelo nosso círculo de contatos, com os quais nos relacionamos socialmente, não importa o meio. Seja na rua, na escola, no trabalho ou na igreja, as pessoas que conhecemos e temos algum tipo de conversa estão dentro do nosso círculo social. Normalmente, em sua grande maioria, esse círculo social é relacionado a quem está fisicamente perto, na mesma escola, trabalho, bairro etc. No entanto, conforme o tempo vai passando, perdemos o contato social com muitas pessoas, e elas acabam deixando de fazer parte de nossa rede social, tornando-se apenas “conhecidos”.
Mídias sociais são todos os meios que usamos para interagir com nossa rede social e conhecidos. Seja telefone, WhatsApp, Facebook, Instagram, e-mail ou até mesmo a saudosa carta de papel. Essas são ferramentas que nos permitem comunicar a distância.
Entendido o conceito, é preciso lembrar que pastores têm uma vida diferente das pessoas comuns. O Senhor Jesus disse: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8.20). Assim também é o servo de Deus. Vivemos, literalmente, como nômades, sem endereço fixo, levados pelo vento aonde Deus enviar. Normalmente, não passamos mais de dois anos no mesmo lugar, pois logo somos enviados para salvar almas em outras cidades, estados e até países.
Quando trabalhamos em determinada comunidade, criamos ali uma rede social. Pastores cuidando pessoalmente de ovelhas. Mas, quando mudamos para outro lugar, nós deixamos essas ovelhas para outro pastor cuidar, e vamos cuidar das ovelhas de um pastor que também se mudou. E o ciclo se repete sempre.
O que tem acontecido atualmente?
Pastores criam contas em mídias sociais e adicionam sua rede social local, 100 pessoas, por exemplo. Depois de um tempo, mudam para outro local e adicionam outra rede social com mais 200 pessoas. No afã de “crescer e ganhar almas” (puro engano, já explico o porquê), começam a usar a sua mídia social para adicionar pessoas que nunca fizeram parte de sua rede social, apenas com o propósito de possuir mais “likes”, alimentando algo que o diabo sabe muito bem como usar no ser humano: O EGO.
Diariamente, muitos pastores têm gastado horas procurando imagens engraçadas, vídeos motivadores ou fotos de animais, simplesmente com o intuito de postar e ter muitos “likes” e “viralizar”, para que outras pessoas, fora de sua rede social, vejam e também passem a curtir. Com muito esforço e tempo, os números crescem. 50 mil seguidores, 500 mil seguidores, 1 milhão de seguidores e por aí vai. “Mas é para ganhar almas”, alegam os incautos.
Como funciona o mecanismo das mídias sociais de monetização, como Facebook, Instagram etc.?
Toda mídia social de monetização tem o foco, exclusivamente, em receber o conteúdo publicado pelas pessoas de graça e vender para anunciantes. Esses anunciantes tentam “invadir” redes sociais de possíveis compradores e promover seus produtos para obter lucro financeiro.
Mas, e para quem usa “de graça”. Também funciona assim? Resposta: não.
Já observou que uma página de 100.000 likes, quando publica uma foto, dificilmente consegue “1.000 likes”? Por que o conteúdo não foi relevante? Também não.
Facebook, Instagram e similares usam um sistema que limita a visualização individual das postagens gratuitas das páginas em torno de 1% dos seus seguidores. Dependendo do caso e de algumas técnicas, pode chegar até 5%. Quando passa disso é por conta da viralização e alcance de redes sociais de terceiros, fora dos seus círculos mais próximos de segundo ou terceiro nível.
Mas, então, pensa o incauto, dá para “ganhar almas” em menor quantidade. Resposta: engano puro. Por quê?
O que é ganhar almas? Fotos pessoais ganham almas? Vídeos motivacionais ganham almas? Frases de efeito ganham almas? Postar foto de aniversário de casamento ganha almas? Absolutamente, não! Mostrar uma foto sua evangelizando ganha almas? Mostrar, em seu perfil pessoal, você levando alimentos aos necessitados ganha almas? Não! O que existe, na maioria dos casos, é a intenção de autopromoção da própria imagem, ainda que “não intencionalmente”. Porém, novamente, o EGO entra em cena.
Ganhamos a alma de uma pessoa, quando ela se liberta do pecado, se batiza nas águas, recebe o novo nascimento, é batizada com o Espírito Santo e aprende diariamente a manter e cuidar de sua salvação. O ponto aqui é: precisamos levar a pessoa fisicamente para a igreja e cuidar dela. Afinal, é possível cuidar de um paciente com câncer pela internet? Não! A pessoa precisa ir ao hospital e fazer os exames, tomar os medicamentos etc.
Agora, voltando àquela página do incauto com 1 milhão de seguidores, do exemplo acima, quando ele postar qualquer conteúdo de forma gratuita, quem e quantas pessoas receberão a mensagem? Em torno de 1%. E essas pessoas moram onde? Com absoluta certeza, serão pouquíssimas que estarão no “mesmo raio de distância de você e de sua igreja”. E essas são, provavelmente, algumas pessoas de sua própria rede social que você pode e já fala com elas pessoalmente. Quer dizer, na prática, perdeu tempo, se iludiu, alimentou o ego e, por fim, não ganhou almas.
Qual a sugestão para ser mais assertivo na internet e não cair na “cilada do diabo”? Invista 100% na mídia social da sua igreja local. Nela, o alcance será fisicamente mais próximo, já que você poderá postar testemunhos e mensagens, e aqueles que forem impactados serão ajudados e poderão curtir e viralizar entre redes sociais que também estão fisicamente próximas. Resultado? Aumento de pessoas na igreja local e possibilidade real de ganhar almas.
Finalizo com a seguinte pergunta: qual a sua intenção mais íntima de ter um perfil ou página pessoal em alguma mídia social?
Autor: Pr. Paulo Cezar- São Paulo- Brasil.